sábado, 20 de setembro de 2008

Presente

Uma grande amiga presenteou-me com um livro de Clarice Lispector. Não me envergonho em dizer que numa havia lido Clarice antes. Nunca é tarde de mais para começar e digo com veemência que este será o primeiro de todos os outros livros dela que irei ler de agora em diante e, apesar de nunca ter lido, suas frases e pensamentos, que achava por aí, sempre me chamavam muita atenção e mexiam comigo de uma forma especial, mas não sabia explicar o pq. Porém, agora, as coisas estão começando a fazer sentido. Vários e vários pensamentos meus que vagavam cada um para um canto, coisas das quais já havia até esquecido, de repente se encontraram ao mesmo tempo. É meio confuso e meio óbvio de mais...
Bom, lendo Água Viva, deparei-me com um trecho que parece ter voz alta e clara e que fala por mim. Decidi postar, só que ao final desse trecho, li com muita sede o trecho seguinte e, para o meu espanto, aconteceu uma bela e surpreendente coincidência...

“Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não-palavra – a entrelinha – morde a isca, alguma coisa se escreveu. Uma vez que se pescou a entrelinha, poder-se-ia com alívio jogar a palavra fora. Mas aí cessa a analogia: a não-palavra, ao morder a isca, incorporou-a. O que salva então é escrever distraidamente.


Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada."



Será que existe algum sentido tangível pra isso?

3 comentários:

Anônimo disse...

Esperamos, Clarice e eu, poder continuar a contribuir.


Julie disse...

Quanta propriedade!! rs
Beijão Lú.

Anônimo disse...

Era mais uma piadinha...