domingo, 18 de janeiro de 2009



O que tenho a dizer sobre o livro “O Caçador de Pipas” é que a culpa é uma cruz muito pesada e mesmo com o passar dos anos, esse peso não diminui, muito pelo contrário. Qnto mais vc tenta esconde-lo debaixo de novos acontecimentos da vida, mais ele sobressai, e quando vc pensa que não existe mais culpa, que o passado morreu e tudo se fez novo, eis que ela surge, de repente, majestosa diante de vc. A velha culpa que te corrói até hoje.
Assim aconteceu com Amir que, ainda criança, não abriu mão da sua covardia e acabou, mesmo que involuntariamente, compactuando com a maldade feita a Hassan que ocasionou por fim, após mais de 10 anos, a morte deste.
A morte do seu melhor amigo. A morte do seu meio irmão.
Mas, como disse Rahim Khan: “há um jeito de ser bom de novo”. E há!
Amir descobriu aos trancos e barrancos que há jeito sim. Há jeito de ser forte, há jeito de se quebrar barreiras, há jeito de lutar, há jeito, inclusive, de recuperar o respeito do leitor, respeito esse que outrora virou ódio mediante tamanha imparcialidade.
Pelo pequeno Sohrab, Amir faria tudo de novo.
Por ele, Amir faria isso mil vezes!

Cenários pintados de cinza

No que consiste a magia das palavras?
A inspiração faz com que palavras certas apareçam em momentos propícios...
Agora não me sinto tão inspirada, por isso estou achando o início desse texto uma coisa horrível! Mas decidi ir até o final e sem editar. Tentar expor, “através de palavras”, um turbilhão de pensamentos. Neste exato momento estou olhando para um céu completamente nublado, porém não tão cinza, pois está anoitecendo e as nuvens estão ficando num tom azul-escuro. Não sei pq, mas tenho certo fascínio por tempo assim. Geralmente coisas ruins estão relacionadas à pessoas que gostam de tempo sem sol: depressão, vícios, tristezas em geral... Porém, graças a Deus, não me encaixo em nenhum desses problemas listados. Procurei então refletir mais sobre isso e cheguei a algumas conclusões um tanto curiosas...
Nasci em abril e a estação que comanda esse mês é o outono. A estação das folhas secas, do céu cinza. É a época que estou sempre bem disposta, tudo flui, coisas novas acontecem. Porém, não é só no outono que dias nublados aparecem.
Me lembro que quando eu era criança, bastou o dia estar nublado e tudo se tornava mais gostoso. Meus desenhos eram mais bonitos, a minha criatividade estava sempre mais aguçada (era uma artista contemporânea mirim..E bota contemporânea nisso!! rsrs). Na adolescência dias assim eram sinônimo de filme bom na Sessão da Tarde. Parece loucura! Mas era sempre assim. Pura coincidência.
Enfim, durante a aula, no shopping após a aula, até mesmo na própria C&A... Era sempre esse o cenário que tornava e torna até hoje os meus dias mais interessantes e inesquecíveis!

Dias nublados que vou guardar pra sempre na memória. Desde os mais antigos que me recordam com carinho a minha infância, até o mais recente que, sem sombras de dúvidas, foi o cenário mais incrível de todos.

Bom, o céu agora já escureceu totalmente e, neste momento, só dá pra perceber que está nublado pq não se enxerga nenhuma estrela sequer.
Talvez não seja tão interessante céu nublado à noite.

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Esse texto acima eu escrevi ontem (14/01). Porém hoje (15/01) eu fui lá.
Vou tentar relatar as nuances com a sensibilidade de um artista, porém, não sei se ainda assim vou conseguir passar o que senti.
Eu fui lá, nesse “último cenário mais incrível de todos”. Não apenas passei perto como algumas vezes eu costumo fazer. Eu fui lá! Nunca imaginei que depois de uma parada de 15 minutos na Domingos Ferreira, a minha próxima parada seria naquelas pedras... Fui andando pelo calçadão um tanto quanto sem noção do que iria acontecer, mas naquele momento eu sabia que precisava ir. Nunca mais senti interesse em ir lá depois da última vez. Sabe quando a gente come alguma coisa doce e não aceita nada salgado logo em seguida justamente pra não perder aquele gosto bom de doce da boca? É mais ou menos isso. Mas esse era o momento certo pra voltar lá.
Olhei cada banco da orla, os da praça, e os dois que ficam na subida da pedra... Fui subindo e lembrando de algumas coisas. Coisas engraçadas na sua maioria..
Então, de repente, um casal de turistas entrou na minha frente. Eles não sabiam se tiravam fotos da paisagem ou se andavam (devagar!) e, a essa altura do trecho, o caminho era muito estreito, caminho esse que dava já pra parte de cima das pedras, e com esse casal na minha frente nem cheguei a perceber que já tinha chegado ao topo praticamente. Foi qndo eles se deram conta de que eu queria passar e abriram o caminho.
Cheguei.
Bom, digamos que a sensação não foi a mais agradável do mundo.
Fui caminhando e tropeçando (pra variar...rs) pelas pedras até achar o lugar exato, o lugar onde fiquei sentada na última vez. Não foi difícil, me lembro bem. Achei.
Coloquei minha pipoca e meus papeis no chão e fiquei naquele mesmo lugar. Estava tudo muito diferente, tinha muitas nuvens no céu, mas isso não inibiu o calor, o dia estava quente de mais... Uns trinta e poucos graus.
Ali estava praticamente vazio. Ninguém por perto. Ninguém.
Os pensamentos pesados, quase sólidos que se formaram no começo do caminho até o topo se faziam presente a todo instante. Isso estava meio que me fazendo um mal, foi quando comecei a desviar a atenção dos meus próprios pensamentos e comecei a reparar nos aprendizes de surfistas que estavam logo à minha frente, numa prainha logo abaixo do meu nariz. Eram muitos meninos esperando uma ondinha pra fazerem, enfim, as manobras que acabaram de aprender.
Quando dei por mim estava eu nos pensamentos novamente, mas agora eram diferentes... Lembranças boas das quais não me arrependo, momentos que levarei pra sempre com carinho.
Não posso precisar quanto tempo eu fiquei sentada naquele lugar, parece que foi pouco tempo... ou parece que foi uma eternidade? Lá o tempo às vezes é lento, às vezes é rápido, não existe um padrão então não arrisco dizer o quanto eu fiquei por lá.
Fui descendo tranqüila, e até dei algumas risadas pelo caminho, lembrando de mais alguns fatos... rs
Desci certa de que o carinho não morre nunca, ele se transforma.
Desci decidida de que iria almoçar o quanto antes, pois eu já estava morrendo de fome! (E isso não muda! rssr)
Desci e não olhei pra trás.

O sentimento não acaba ele tem o poder de se modificar, adequando-se, moldando-se a cada situação.
Como é maravilhoso ter essa certeza!
Atravessei a praça e logo cheguei em Copa.